Poliéster é uma categoria de polímeros que contém um grupo funcional éster na cadeia principal. Apesar de existirem muitos poliésteres, o termo normalmente é referenciado ao politereftalato de etileno, ou PET. Sua composição pode ser natural e sintética, tornando alguns tipos biodegradáveis, enquanto grande parte dos poliésteres sintéticos não o são.

A maioria dos poliésteres são termoplásticos e possuem diversas aplicações. A principal é a produção de tecidos e malhas utilizados em camisas, calças, lençóis, cortinas, móveis e estofados. No vestuário, apesar de possuir um toque artificial em relação às roupas feitas com fibras naturais, os tecidos de poliéster apresentam algumas vantagens, como maior durabilidade, retenção de cor e resistência a rugosidades. Por tais motivos, é muito comum a mistura de fibras de poliéster com as fibras naturais na confecção de roupas, garantindo características combinadas ao tecido.

Além do vestuário, o poliéster é muito usado como matéria-prima na produção de garrafas de plástico (garrafas PET), filmes, filtros, tinta em pó, reforços para pneus, material isolante, enchimento de almofadas, telas de LED, acabamentos para instrumentos musicais e muito outros produtos.

História

Os químicos britânicos John Rex Whinfield e James Tennant Dickson, empregados da Calico Printer’s Association, de Manchester (Inglaterra), patentearam o politereftalato de etileno (PET), em 1941, com o apoio da pesquisa de Wallace Carothers. O PET é a base das fibras sintéticas, como o poliéster. Whinfield e Dickson, juntamente com os inventores W.K Birtwhistle e C.G Ritchiethey, criaram o primeiro poliéster chamado de terylene, em 1941, pela Imperial Chemical Industries (ICI). Logo em seguida, a Dupont lançou o dácron, a segunda fibra de poliéster, em 1951, desenvolvida a partir da compra dos direitos autorais do terylene.

Nos anos 60, a produção de fibras manufaturadas se acelerou devido à continua inovação no mercado, alcançando cerca de 30% do consumo americano. As revolucionárias novas fibras ofereciam conforto, soltavam-se mais facilmente, conseguiam ser mais brancas, brilhavam mais e eram mais resistentes.

Hoje, o poliéster é amplamente reconhecido como um tecido bastante popular. Com o avanço da tecnologia, a descoberta das microfibras (que possibilitam que o poliéster tenha um toque mais suave, quase como um tecido de seda) e as diversas aplicações possíveis para esse material, o poliéster está muito bem consolidado no mercado.

Reciclagem

Apesar de ter como base o petróleo, um material não renovável que causa danos ao meio ambiente em seu processo de extração, as fibras de poliéster possuem uma grande vantagem sobre as fibras naturais por serem totalmente recicláveis. Camisetas de poliéster que utilizam garrafas PET como material de base hoje são comuns (grandes seleções de futebol utilizam esse material em seus uniformes). Esse processo de utilização de garrafas PET para a produção de tecidos de poliéster traz grandes vantagens, como a não utilização do petróleo, uma diminuição de 70% do gasto de energia com relação ao que seria necessário para a produção de uma fibra virgem, além de evitar que as garrafas acabem sendo descartadas no meio ambiente. O tecido também é 100% reciclável, podendo ser usado até mesmo no caminho inverso na produção das garrafas PET.

O principal problema envolvendo a reciclagem desse material está na mistura dos tecidos, já que é comum vermos uma vestimenta com uma porcentagem de poliéster em sua composição junto com outras fibras. Essa mistura dificulta a separação de poliéster para a reciclagem do material, tornando muitas vezes o vestuário não reciclável. Outro problema é o custo - uma fibra de poliéster reciclada é cerca de 20% mais cara do que uma virgem, além de possuir uma menor qualidade que a segunda.

Problemas ambientais

Por ter como base o petróleo a produção de poliéster não é sustentável, além disso, a extração da matéria-prima traz diversos danos ao meio ambiente. A manufatura de poliéster utiliza grandes quantidades de água para resfriamento, juntamente com uma grande quantidade de químicos nocivos, como lubrificantes, que podem se tornar fontes de contaminação se não forem realizados os devidos cuidados. O processo de produção utiliza também grandes quantidades de energia. O poliéster não é biodegradável, podendo levar até 400 anos para se decompor na natureza.

Outro problema ambiental envolvendo o poliéster é a contaminação via microplásticos (pequenas partículas plásticas com menos de um milímetro de diâmetro) que acabam se desgarrando de suas fibras e vão parar nos oceanos, prejudicando ecossistemas. Pequenos animais se alimentam do plástico contaminado e ao longo da cadeia alimentar, acabam propagando a intoxicação até os seres humanos (descubra mais sobre os perigos dos microplásticos).

Em um estudo recente, pesquisadores descobriram que, em uma simples lavagem, uma peça de vestuário de poliéster pode soltar até 1900 microfibras. Consequentemente, a água utilizada na lavagem tem como destino final os corpos d'água e oceanos. Foi descoberto também, que dentre os materiais feitos pelo homem que são encontrados nas costas oceânicas, cerca de 85% é composta por microfibras compatíveis com os materiais utilizados na fabricação de fibras sintéticas. Além da questão dos microplásticos, não se sabe ao certo os outros impactos do poliéster no meio ambiente. E o problema é que grande parte da superfícies dos oceanos já está contaminada por microplásticos.

Orgânicos ou sintéticos?

Apesar das fibras naturais serem melhores para o meio ambiente por serem biodegradáveis e fabricadas a partir de matéria-prima renovável, sua produção em massa vem causando diversos impactos ambientais. A produção de algodão é a maior utilizadora de agrotóxicos como pesticidas no mundo, utilizando 25% dos pesticidas do mundo durante seu cultivo, levando a contaminações que causam a morte de milhares de pessoas a cada ano. Além disso, é estimado que cerca de dois terços da pegada de carbono gerada durante a fabricação de uma peça de vestuário ainda será emitida após sua venda.

Na realidade atual, estamos muito longe de um sistema sustentável de vestuário. Ainda não é percebido que o material na fibra é apenas uma parte do impacto gerado por essa indústria. Estima-se que 20% a 50% da pegada ecológica de uma peça de roupa seja oriunda do transporte, da distribuição e do descarte do material.

Como os dois tipos de matéria-prima possuem um grande impacto, deve-se buscar as melhores alternativas. A utilização de fibras orgânicas mais ambientalmente amigáveis, como o algodão orgânico, tende a ser melhor devido ao fato de não utilizar químicos na sua produção, não poluindo o meio ambiente. Outras fibras orgânicas alternativas, como tecidos à base de soja e de bambu também já são encontrados no mercado, apesar de terem um volume muito baixo. Nas fibras sintéticas, camisetas recicladas de PET são uma boa opção, tendo uma boa durabilidade e degradando significantemente menos o meio ambiente se comparadas às fabricadas de forma convencional.

Fonte: EClycle