Por Thais Szegö, da Saúde access_time 15 mar 2017, 15h34 - Publicado em 22 fev 2017, 12h09 more_horiz

Jovem com sede bebe água na garrafa

Garrafas de água: lavar o acessório com água e detergente com regularidade é suficiente para barrar ameaças do tipo (Stock.xchng)

O alerta soou com uma investigação do instituto americano Treadmillreviews.net, especializado em dados sobre esteiras ergométricas, que analisou a presença de bactérias em garrafas usadas por 12 praticantes de atividade física durante uma semana sem passar por lavagem.

O resultado foi assustador: em alguns casos foram encontrados mais germes do que em vasilhas para alimentar cachorros! A primeira colocada no ranking da contaminação foi a garrafinha conhecida como slide top, aquela em que a tampa precisa ser deslizada para que o usuário tenha acesso ao líquido. Logo depois ficaram as do tipo squeeze (que esguicham a água direto na boca), seguidas pelos modelos com tampa de atarraxar.

Na avaliação, os recipientes que têm um canudo embutido interno foram os que apresentaram o menor número de bactérias. Segundo os autores do inquérito, isso acontece porque as gotas ficam acumuladas na base do canudo, em vez de se concentrarem na superfície exposta, local mais atraente para os micróbios se instalarem.

As constatações do pequeno experimento não são motivo para jogar o recipiente no lixo. “A maior parte desses micro-organismos vem da nossa boca e normalmente não provoca doenças”, esclarece o clínico e infectologista Paulo Olzon, da Universidade Federal de São Paulo. Os achados reforçam, porém, a importância de higienizar (ou trocar) o acessório pensando em alguns contextos.

“Embora a presença desses agentes não ofereça riscos por si só, fatores como feridas na boca ou imunidade debilitada facilitam sua chegada à corrente sanguínea, o que pode desencadear mal-estar, diarreia…”, observa a infectologista Raquel Muarrek, do Hospital São Luiz Morumbi, na capital paulista.

Lavar o acessório com água e detergente com regularidade é suficiente para barrar ameaças do tipo. “Muita gente negligencia esse hábito pelo fato de a garrafa ser de uso particular”, conta o biomédico Roberto Figueiredo, conhecido como Dr. Bactéria. Não caia nessa e respeite alguns cuidados (veja os conselhos logo abaixo). Assim sua garrafinha não há de virar um ninho de germes.

Um miniguia para comprar e conservar a garrafinha

1. Melhor escolha

Prefira as que têm canudo interno e formato mais fácil de ser higienizado. Optar pelo inox é uma boa, pois ele dificulta a instalação das bactérias.

2. Quando trocar

Apesar de não haver prazo certo para isso, é prudente substituir a garrafa se houver ranhuras e desbotamento da cor, sinais de que já está velha demais.

3. Higienização

Lave toda vez que ela for usada, dando atenção aos locais de difícil acesso, como a rosca da tampa e as bordas do canudo. Uma escova de mamadeira ajuda.

4. Transporte

Proteja o biquinho, evite quedas ou batidas e não deixe a garrafa por muito tempo em locais abafados, como o carro, algo que favorece os micróbios.

Nota de EXAME.com (15/mar/2017)

O texto inicial desta reportagem continha a recomendação de evitar garrafas com Bisfenol A (BPA), substância química encontrada no policarbonato (identificado em embalagens com o código de reciclagem 7). Há questionamentos sobre a segurança dessa substância para uso em recipientes de alimentos e bebidas. Por isso, seu uso é proibido em mamadeiras no Brasil e em outros países.

Em contato com EXAME.com, a Plastivida, organização que defende os interesses da indústria de plásticos, contestou essa recomendação. De fato, estudos respeitados apontam que, na quantidade que pode ser absorvida de uma garrafa de água, o BPA é seguro. A Autoridade Europeia de Segurança Alimentar, por exemplo, afirma que “o BPA não traz riscos à saúde de consumidores de nenhuma faixa etária (incluindo fetos, crianças e adolescentes)”.

Levando em conta esses estudos, decidimos remover, da lista acima, a recomendação de não usar garrafas de policarbonato.

Exame.com