A aplicabilidade do plástico é atestada pelo ciclo da reciclagem, que viabiliza o consumo sustentável desse insumo, com redução de custos de produção e aumento da eficiência, sem produzir impactos no meio ambiente.

Logo, a melhor utilização de insumos plásticos só pode ser efetivada com a compreensão de todo o seu ciclo de vida: concepção, confecção de produtos, coleta seletiva no pós-consumo, seleção, reciclagem e destinação final.

Desenvolvemos este post com o intuito de abordar o ciclo da reciclagem do plástico para que mais pessoas entendam a importância da continuidade desse processo. Quer saber mais sobre o assunto? Então, siga conosco até o final. 

A composição do plástico

O plástico é considerado uma das mais importantes invenções da humanidade. Ele foi encontrado pela primeira vez — como resultado de pesquisas e experimentos químicos — por Alexander Parkes, que buscava um substituto para a borracha em 1862.

É um subproduto do petróleo e seus derivados, como a parafina e a nafta, que passa por um processo de subdivisão de moléculas cuja quebra de ligações químicas complexas por outras mais simples originam monômeros, como o eteno e o propeno.

Na sequência, reações químicas na etapa de polimerização agrupam os monômeros e os ordenam, formando o polímero, responsável por conferir as características do material.

Em meados de 1990, começaram a ser produzidos os plásticos verdes, chamados biopolímeros ou bioplásticos que contêm moléculas de carbono derivadas de materiais naturais, como cana-de-açúcar e milho.

Materiais produzidos com esse insumo

Os plásticos podem ser usados como substitutos de materiais como o vidro, o aço ou a madeira, sendo mais vantajoso pelo seu custo reduzido, baixo peso, elevada resistência químicas e mecânica, mas, principalmente, pela completude do seu ciclo de vida com a possibilidade de reúso e reciclagem.

São utilizados para a fabricação de brinquedos, embalagens, peças diversas, em redes de água e esgoto — como cobertura impermeabilizante de solos em aterros —, na agricultura e na construção civil. Ou seja, em praticamente tudo que usamos nos dias atuais.

Plásticos que podem ser reciclados

Os tipos de plástico que podem ser reprocessados inúmeras vezes, por diversos processos de reciclagem são chamados de termoplásticos, que quando aquecidos amolecem e são remoldados como embalagens e sacolas de supermercado, garrafas diversas de bebidas e frascos de produtos de limpeza e higiene.

São termoplásticos:

polietileno de baixa densidade (PEBD);

polietileno de alta densidade (PEAD);

poli (cloreto de vinila) — PVC;

poliestireno (PS);

polipropileno (PP);

poli (tereftalato de etileno) — PET;

poliamidas, como o Nylon® (marca registrada pela empresa Dupont)

Já os termofixos são os plásticos que, uma vez transformados, não podem se submeter a novos ciclos de processamento, pois seus monômeros não se fundem e impedem a sua remodelagem.

São termofixos:

baquelite;

poliuretanos (PU);

poliacetato de Etileno Vinil (EVA);

poliésteres;

resinas fenólicas.

A reciclagem é inviabilizada quando os recipientes estão contaminados de comida ou gordura (óleo mineral, vegetal ou sintético) e/ou foram utilizados para acondicionamento de produtos tóxicos como tintas ou como embalagens de iogurte, refeições prontas e congeladas.

O descarte no pós-consumo e a coleta seletiva

A primeira etapa do ciclo de reciclagem do plástico consiste no depósito dos materiais nos locais adequados — na chamada deposição seletiva, que depende exclusivamente da atuação voluntária dos cidadãos. Essa coleta seletiva pode ser feita em casa, em um sistema de porta a porta e em ecopontos estratégicos — próximos a conglomerados e nos ecocentros, cuja distinção se faz pela cor, sendo a do plástico a cor vermelho.

Depois de depositados, os resíduos devem ser recolhidos também de forma seletiva — responsabilidade que recai sobre as entidades municipais —, para serem encaminhados para estações de triagem, onde são selecionados por tipo e coloração.

Nesse processo de triagem, é importante que o material seja homogêneo em suas características e separado por família, caso o processo de reciclagem a ser utilizado seja o mecânico. Finalmente os materiais selecionados são levadas para os recicladores, que produzem um plástico já granulado, pronto para transformação de novos itens.

Segundo a Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), o setor de reciclagem do plástico é o quarto maior empregador da indústria de transformação brasileira — para cada tonelada de plástico reciclado, são gerados, aproximadamente, 3,16 empregos. 

Além disso, a viabilidade do uso desse insumo no pós-consumo é uma grande oportunidade de negócio para empresas que desejam aproveitar financeiramente essa etapa do ciclo da reciclagem do plástico.

Tipos de reciclagem

Segundo dados da Plastivida, são acumuladas 2.177.799 toneladas de plástico anualmente no país, das quais somente 17,2% são recicladas.

O processo mais utilizado para a reciclagem do plástico no Brasil é a mecânica, mas também podemos encontrar a reciclagem química, que transforma o plástico novamente em nafta.

A recuperação energética, em que todo o material é queimado para ser reaproveitado como energia elétrica ou térmica, somente é utilizada quando esgotadas todas as possibilidades das outras formas de reciclagem, pois essa queima produz gases nocivos à saúde.

Dessa forma, a recuperação energética e a reciclagem química são soluções viáveis apenas para o tratamento dos rejeitos ou de plásticos que já passaram muitas vezes pela reciclagem como complementação da reciclagem mecânica.

Aplicações do plástico reciclado

Após o processo de reciclagem, os plásticos podem ser utilizados em quase todas as aplicações da resina virgem, com exceção de produtos com contato direto alimentício, hospitalares, tubulações para passagem de água para consumo e esgoto.

Segundo a Abiplast, os maiores setores consumidores de plásticos transformados são, respectivamente, a construção civil, autopeças, comércio (atacado e varejo de artigos diversos) e a indústria de alimentos.

Já no nosso dia a dia, podemos verificar a sua presença em:

embalagens, bolsas, peças de automóveis, utensílios domésticos, artigos de papelaria e etc.;

paletes, ideais para acomodação de alimentos, pela sua impermeabilidade que dificulta o desenvolvimento de agentes bacterianos;

móveis, decks de piscina e bancos para área externa, pela sua resistência e leveza e com a adição de fibras naturais ou sintéticas;

dormentes de trem;

peças, pisos e telhados, além de serem utilizados na composição estrutural na construção civil;

tapumes utilizados como berços industriais para acomodação de alumínio e aço inox.

O plástico é um material que já faz parte da nossa vida e, sem ele, não teríamos uma série de avanços econômicos e facilidades rotineiras. Apesar disso, é preciso buscar novas formas de produção e uso, que reduzam os impactos provocados no meio ambiente.

Isso requer uma destinação mais eficiente, por meio da reciclagem no pós-consumo e a otimização na utilização dos insumos plásticos obtidos nesse processo. Somente com um ciclo de reciclagem completo é possível potencializar as suas vantagens econômicas e de sustentabilidade.